A ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) confirmou que passou o contato do jornalista Gleen Greenwald, do site The Intercept Brasil, a uma pessoa que dizia ter “obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras”. Em nota divulgada à imprensa, a ex-parlamentou disse que foi comunicada, via Telegram, de uma invasão em seu aplicativo, no dia 12 de maio. Depois, alguém entrou em contato querendo divulgar o material coletado.
No texto, Manuela afirma ser alvo de armadilha montada por seus adversários e destaca que, “apesar de ser jornalista e estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte”, repassou ao invasor do seu celular o contato do “reconhecido e renomado jornalista investigativo Glen Greenwald”.
Ela informa, ainda, que desconhece a identidade do hacker e que está orientando seus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebeu pelo Telegram à Polícia Federal (PF).
ENTENDA
Em depoimento à PF, nesta sexta-feira (26/7), Walter Delgatti Neto, um dos presos pela Operação Spoofing, relatou como conseguiu o contato de autoridades e afirmou ter chegado a Greenwald por meio de Manuela D’Ávila. Ele disse, também, que não editou as mensagens de membros da Operação Lava Jato antes de passá-las ao site The Intercept Brasil., alegando que não é possível editá-las, por causa do formato utilizado pelo aplicativo.
O suspeito falou, ainda, “que nunca recebeu qualquer valor, quantia ou vantagem em troca do material disponibilizado ao jornalista Glenn Greenwald”.
Leia nota de Manuela D’Ávila na íntegra:
NOTA À IMPRENSA
Tomando ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na investigação de fatos divulgados pelo “The Intercept Brasil”, e por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início do corrente ano, esclareço que:
1. No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza.
2. Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.
3. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial.
Fonte: AratuOnline