Pelo menos 70% dos contratados em obras da Construção Civil, na Bahia, não são baianos. A informação é do Sindicato da Construção Civil Pesada e Montagem do Estado (Sintepav-Ba), que reúne cerca de 300 trabalhadores, na manhã desta sexta-feira (27), na Rótula do Abacaxi, em Salvador.
Presidente do grupo, o Irailson Warneaux argumenta que tanto as obras da iniciativa privadas quanto as públicas optam, na maioria das vezes, por contratar profissionais de fora sob a afirmação de que não existe mão de obra qualificada na Bahia. “Absurdo”, afirma o presidente.
“Nós temos 360 mil desempregados aqui, segundo o IBGE, e eles preferem contratar quem vem de fora. É inaceitável e é por isso que estamos aqui, juntos, dispostos a lutar por nossos direitos”, diz, ao considerar que a falta de contratação da mão de obra local reflete um estado onde “as famílias e a economia ficam enfraquecidas”.
Junto aos trabalhadores, o Sintepav pretende caminhar até a Governadoria, no Centro Administrativo (CAB), onde pretendem propor uma “mesa de negociações”, explica Irailson. “Nós temos qualificação em todas as áreas da construção e montagem, de quem serve café a engenheiros, então não dá pra aceitar qualquer coisa, eles precisam garantir que ao menos 70% de nós sejamos a primeira opção”.
Mesa
Irailson explica que a proposta do Sintepav, ao Estado, têm como base uma espécie de grupo, formado pelo próprio sindicato, uma comissão de trabalhadores, além de representantes do Governo.
Assim, segundo ele, seriam estabelecidos critérios para a contratação, operacionalização e realização das obras. “O principal deles é a preferência a quem mora aqui, já que os que eles contratam retornam aos seus lugares de origem, onde aplicam a renda. Que deem 30% das vagas a quem vem de outros lugares, mas a maioria é injusto”, reitera.
A situação é ainda pior, acrescenta, no caso das mulheres. Às pintoras, pedreiras, serventes, armadoras, eletricista, entre outros cargos ocupados por mulheres, as vagas são ainda mais reduzidas.
“Há uma política discriminatória e essa é uma de nossas principais causas, porque já está mais do que claro que elas têm a mesma capacidade que qualquer homem”, complementa o presidente do Sintepav.
‘Podemos, sim’
Faz cinco anos que a pintora Maria Cremilda dos Santos, 48 anos, ajudou a botar nos trilhos o metrô de Salvador. Naquela época, quando assumiu um cargo na primeira grande obra da vida, entrou como servente. Ajudava a arrumar, transportar e misturar materiais, mas não mais que isso.
“Foi um caminho muito difícil até acreditarem no meu potencial, me qualificarem e me possibilitarem fazer outra coisa. As pessoas, nessa área, acreditam pouco nas mulheres”, disse, ao relatar o processo de um ano para a qualificação de pintora.
Fonte: Correio24horas.