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Amargosa: CFP tem um dos professores doutores mais jovem do país

            Nascido em Brejo do Cruz – alto sertão da Paraíba – no ano de 1993, Franklin Kaic Dutra Pereira conheceu desde muito cedo alguns desafios da vida. Filho de um casal jovem e inexperiente, foi adotado quando recém-nascido por parentes, dividindo-se entre a família biológica e a adotiva. Teve uma infância simples e feliz, rodeado por amigos e pela paisagem de uma pequena cidade do interior.

Aos 15 anos de idade foi aprovado no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), para o Curso de Licenciatura em Química na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) – campus Cuité/PB. Com isso, teve que mudar de cidade, morar sozinho e pela primeira vez ficar longe da família. No início do curso se deparou com diversas dificuldades, o que o levara a pensar em desistir do seu projeto de vida. Mas como sertanejo que é, permaneceu firme e com o apoio de colegas e professores de curso foi vencendo os obstáculos que surgiam.

Em sua jornada na graduação, envolveu-se com projetos de ensino, pesquisa e extensão, experiências decisivas para a consolidar a sua escolha pela docência. Como consequência disso, mesmo antes de concluir a graduação foi aprovado na seleção de mestrado do Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal/RN.

Mesmo se distanciando da docência naquele momento, considerou a impossibilidade de ocorrer outra seleção de mestrado naquele ano, por isso enfrentou o desafio de fazer pesquisa numa área correlata, desenvolvendo estudos sobre a corrosão ocasionada por biodieseis e métodos físico-químicos. Nesse período, a UFCG estava com um calendário acadêmico diferente das demais instituições, devido a uma greve dos professores. Sendo assim, foi preciso conciliar as atividades do último semestre da graduação com as do primeiro semestre da pós-graduação, realizando viagens semanais entre dois estados vizinhos.

Durante o mestrado pôde aperfeiçoar o seu conhecimento sobre diversas técnicas experimentais, no entanto o desejo pela docência permanecia. Sobretudo quando teve a oportunidade de participar do Curso de Iniciação à Docência (CID), quando ministrou aulas de Química para turmas do Bacharelado em Ciência e Tecnologia da UFRN.  

Nessa experiência de docência assistida, conheceu um modo de estagiar que despertou a reflexão sobre alguns desafios do processo de ensino-aprendizagem. Assim, concluído o mestrado, submeteu-se à seleção do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da UFRN. Durante o doutorado, dedicou-se ao estudo de como as histórias de vida compõem a identidade dos professores, quando analisou memoriais autobiográficos de alunos do curso de Licenciatura em Química na modalidade a distância.

Durante o doutorado, dividiu-se em as experiências de atuar no Ensino Médio – como professor de Química – e no Ensino Superior – como professor de Estágio Supervisionado e Didática da Química. Segundo ele, foram experiências enriquecedoras e complementares, pois tinha a visão de quem forma e de quem é formado.

Antes de integralizar a metade da carga horária do curso, foi aprovado no concurso público para professor de Estágio Supervisionado e Ensino de Química, para o Centro de Formação de Professores (CFP), em Amargosa. Dessa forma, precisou finalizar sua tese de doutorado e encaminhar os trâmites burocráticos para a sua posse como professor efetivo da UFRB, aos 26 anos de idade.

Assim, desde agosto/2019, vem desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão vinculadas ao Curso de Licenciatura em Química do CFP, bem como participando do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Química (PEQUI), no qual ocupa recentemente a função de líder. Também tem feito articulações e parcerias com Instituições do Ensino Superior do estado da Bahia, no intuito de fortalecer o Ensino de Química e criar redes de apoio entre os profissionais.

Num momento em que no Brasil se posiciona contrário à Ciência, aos Direitos Humanos e à comunidade universitária, a UFRB recebe em seu corpo docente um dos pesquisadores doutores mais jovens do País, sobretudo na área de Ensino de Ciências/Química.  Segundo o professor, toda sua trajetória o faz lembrar do patrono da Educação Brasileira, o também professor Paulo Freire, ao afirmar em seu livro “Pedagogia da Autonomia” que “Ninguém começa a ser professor numa certa terça-feira às 4 horas da tarde… Ninguém nasce professor ou marcado para ser professor. A gente se forma como educador permanentemente na prática e na reflexão sobre a prática”.

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