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Pandemia faz devotos de Santa Bárbara e Iansã adaptarem as tradições na Bahia

O calendário das festas populares de Salvador se inicia nesta sexta-feira (4), com as comemorações ao Dia de Santa Bárbara, que é a representação de Iansã no sincretismo religioso. Em meio à pandemia, os devotos precisaram adaptar as tradições para manter as demonstrações de fé.

Neste ano, as missas dedicadas à santa serão fechadas e com limitação de público, por isso, as baianas, que são devotas do orixá, não vão seguir o hábito da distribuição dos acarajés, em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, Centro Histórico.

Apesar de serem figuras religiosas representativas completamente diferentes, a orixá Iansã e a católica Santa Bárbara são celebradas no mesmo dia na Bahia, unidas apenas pelo sincretismo.

A presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam), Rita Santos, explica que a decisão de não distribuição dos acarajés foi tomada para evitar as aglomerações que propagam o coronavírus. Ela também cita que muitas baianas são do grupo de risco e também não podem se expor.

Foto: Max Haack/Ag Haack

“Não vai ter distribuição esse ano. As missas não poderão ter muito público, houve uma lista de presença que já foi fechada. O padre pediu para não fazer nada na porta da igreja para não provocar aglomeração. De qualquer forma, nós não faríamos porque a maioria das baianas é de grupo de risco. Muitas são diabéticas, têm pressão alta, glaucoma… Não por causa da idade, porque temos baianas novas, mas por causa do trabalho mesmo”.

“Temos baianas que já faleceram com Covid, outras que estão doentes e muitas sem trabalhar. Estamos nos adaptando, mas esse ano não vamos fazer. Nosso caruru também, que é feito no dia 7, também não vai acontecer. Festejos só no ano que vem, sem pandemia e com vacina”, disse Rita Santos.

Na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, os católicos também terão limitações. Apenas três missas serão realizadas. A primeira começa a partir das 7h, restrita apenas aos membros da Irmandade dos Homens Pretos.

Foto: Max Haack/Ag Haack

As próximas serão às 9h e 11h30, e contarão com um número limitado de 50 fiéis em cada celebração. Todas as vagas já foram preenchidas e os outros devotos poderão acompanhar a missa pela internet.

A procissão secular que reúne católicos, candomblecistas e umbandistas, para formar o belo “tapete vermelho” também foi suspensa. A igreja não informou se é a primeira vez que ela não será realizada.

Santa Bárbara, que é padroeira do Corpo de Bombeiros, também terá homenagem da corporação. Diferente dos anos anteriores, quando a celebração foi feita no pátio do quartel histórico da Barroquinha, esse ano a missa não será aberta ao público.

Apenas bombeiros participarão da missa, em um número limitado para evitar aglomerações. No entanto, assim como a missa do Pelourinho, os fiéis também poderão acompanhar a celebração pela internet. A transmissão será feita no canal do YouTube do Corpo de Bombeiros da Bahia.

Devotos de Iansã

Da mesma forma que os católicos farão celebrações fechadas para membros de suas congregações, muitos terreiros também farão as homenagens a Iansã de forma adaptada, apenas com filhos de suas casas.

Assim será no terreiro Ilê Asé Omi Dolá, no bairro de Castelo Branco, também em Salvador. A publicitária Juliana Bárbara Carvalho, que pertence à casa e é filha de Oyá, disse que as medidas para evitar o coronavírus também foram tomadas.

“Diminuímos bastante o tamanho e [o festejo] passou a ser restrito também. A gente não convida mais ninguém e nem vai ter a distribuição dos akarás [acarajé], vai ser uma coisa bem pequena, só a oferenda para o orixá mesmo”, conta ela.

“Não é uma tradição que vai ser quebrada, ela vai ser adaptada. A gente não vai deixar de fazer, mas vai ser nessas condições”, disse Juliana Bárbara.

Para Juliana, a adaptação é chave para que se mantenha a devoção e o cumprimento das medidas sanitárias ao mesmo tempo.

“A palavra esse ano é adaptação. A gente não pode deixar de fazer, não pode deixar de fortalecer o sagrado, mas vamos adaptando e fazendo de acordo com os protocolos e seguindo. Porque, querendo ou não, o terreiro é uma comunidade onde tem pessoas do grupo de risco, crianças, adultos com doenças crônicas, idosos. Então a gente vai fazer cumprindo o protocolo. A gente prefere fazer só a gente mesmo, que mora, para evitar encher a casa”, destacou ela.

Leia a matéria original em G1

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