Uma nova variante do coronavírus que causa a Covid-19 foi encontrada no Amazonas, segundo informações divulgadas pela Fiocruz Amazônia. Trata-se da mesma variante identificada no Japão após viajantes do país passarem pelo estado brasileiro.
A variante também foi responsável pela reinfecção de uma paciente de 30 anos que mora em Manaus e já se recuperou da doença.
Veja abaixo perguntas e respostas sobre que se sabe até o momento sobre essa mutação:
Qual é a mutação encontrada no vírus do AM?
A variante do Amazonas tem uma série de mutações que ainda não tinham sido encontradas. Ela pode ter evoluído de uma linhagem viral que circula no estado desde abril do ano passado, e “ser representante de um vírus potencialmente de uma linhagem emergente no Brasil”, explicou a Fiocruz Amazônia. A variante envolve mutações na proteína Spike, que faz a interação inicial com a célula humana.
Essa mutação é mais transmissível e/ou fatal?
Essa nova variante carrega mutações que já foram associadas à maior transmissão, mas ainda não é possível afirmar se ela é mais transmissível ou não.
As mutações na proteína Spike chamam mais atenção porque elas podem afetar a transmissão do vírus, aumentando ou diminuindo. Quando essa mutação é prejudicial ao vírus, ela vai desaparecer, porque essa mutação não vai circular. As mutações neutras, que não dão vantagem ao vírus, são maioria. Porém, há essas que aparentemente levam vantagem ao vírus e são as que temos que ficar mais preocupados.
Qual é a diferença entre as mutações do Reino Unido e da África do Sul?
A duas cepas emergentes independentes identificadas no Reino Unido e na África do Sul possuem um número maior de mutações na proteína Spike. Ambas tiveram oito substituições de aminoácidos definidores de linhagem na proteína Spike, sendo a mutação no domínio de ligação ao receptor a única substituição de aminoácidos comum detectada nas duas.
O que tem de diferente na proteína Spike do AM?
A pesquisa da Fiocruz Amazônia indica que as cepas detectadas em viajantes japoneses retornando da região amazônica provavelmente evoluíram de uma linhagem viral que circula no estado do Amazonas desde abril de 2020, e podem ser representantes de um vírus potencialmente de uma linhagem emergente no Brasil.
A linhagem amazônica parece ter evoluído a uma taxa constante entre abril e novembro de 2020 e nenhuma das sequências aqui obtidas exibiu um número tão alto de mutações na Spike ou em qualquer outra região genômica.
As vacinas são eficazes contra a mutação?
Sim. Os estudos realizados até agora mostram que mesmo as variantes do vírus são bloqueadas pela ação da vacina, pelos anticorpos desenvolvidos em função do imunizante.
Porém, caso ocorra uma mutação significativa na proteína Spike, ela poderá causar um impacto no processo de vacinação. Esse fenômeno é chamado de escape vacinal e precisa ser caracterizado o mais rápido possível para que as vacinas sejam readequadas para conter essas variantes. A hipótese dos pesquisadores atualmente é que talvez tenhamos de conviver com o coronavírus como uma outra virose endêmica.
As medidas de precaução (distanciamento, máscara, lavagem das mãos, álcool) servem para esse vírus?
Sim. Mesmo com a mutação do vírus, as medidas para evitar o contágio da Covid-19 adotadas no mundo todo desde o começo da pandemia continuam válidas e necessárias. O vírus mutante ou o vírus original não atravessam a máscara, não resistem à lavagem das mãos com sabão ou álcool em gel. A transmissão também é evitada com distanciamento social. Ambientes arejados e com boa circulação de ar também são muito importantes.
Leia a matéria original em G1