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Radialista suspeito de abusos sexuais morre em hospital da BA, em decorrência da Covid-19

O radialista de 53 anos suspeito de cometer abusos sexuais contra a filha e a enteada, há mais de 20 anos, quando as vítimas ainda eram crianças, morreu na manhã desta terça-feira (1º), no Hospital Cleriston Andrade, em Feira de Santana, cidade a 100 quilômetros de Salvador, onde estava internado com Covid-19.

Em nota, o HGCA informou que Rogério Magalhães de Santana deu entrada na unidade no dia 15 de maio, às 22h.

“O paciente já chegou com os sintomas agravados, sendo imediatamente internado na UTI COVID da unidade. O óbito foi registrado hoje, 1º de junho, as 9h47min. A direção do HGCA lamenta profundamente a morte do radialista”, disse a unidade.

Na segunda-feira (31), o diretor do HGCA, José Carlos Pitangueira, havia informado que o radialista estavam em estado grave. Disse ainda que o paciente foi monitorado e que um exame para a detecção da morte cerebral só não foi realizado, porque ele não estava com temperatura corporal abaixo dos 35°C.

Crime pode prescrever

Joari Wagner Marinho Almeida, o advogado da ex-esposa do radialista, Eleonora Gomes Sampaio, autora da denúncia, explicou ao G1 que a filha mais velha, ex-enteada do suspeito, sofreu os abusos entre os 6 e 12 anos, e completa 39 anos no início do próximo mês.

Por isso, o crime poderia prescrever se Rogério Magalhães de Santana não prestasse depoimento até 7 de junho.

“A legislação penal diz que o prazo prescricional maior que nós temos, que é de 20 anos, vai acontecer da data em que as vitimas completaram 18 anos, começando a contar a partir do momento que elas completam maioridade, em crimes sexuais e afins. O caso delas foi descoberto tardiamente, e uma delas está prestes a completar esse prazo, mas estamos tentando fazer com que esse cidadão seja responsabilizado”, explicou.

O advogado do radialista, Andrey Smith Daltro Santos, informou ao G1 que, dias antes de Rogério ser internado, que o suspeito chegou a entrar em contato para falar sobre o caso, mas informou que não poderia ir na delegacia prestar depoimento porque estava com Covid-19.

Andrey disse também que só falaria sobre o caso quando tivesse os autos em mãos, e Rogério recebesse alta médica, para que pudesse ouvi-lo sobre as acusações.

O advogado da família de Eleonora explica que, por causa da falta de depoimento do suspeito, por enquanto não há processo sobre o suposto caso de pedofilia, apesar de já haver a investigação. Esse processo será instaurado com a conclusão do inquérito policial.

Abusos contra as filhas

As vítimas, que atualmente têm 34 e 38 anos e não quiseram ser identificadas, confessaram à mãe, Eleonora Gomes Sampaio, no final do ano passado, que receberam “carícias” do suspeito durante a infância. Elas contaram ainda que, na época, não tiveram coragem de relatar a situação.

Eleonora contou ao G1 que os abusos começaram com a filha mais velha dela, fruto de um relacionamento anterior, quando a vítima tinha cerca de 6 anos. Na época, a menina tinha medo de ficar em casa com o então padrasto e pedia à mãe para morar com o pai.

Já a filha mais nova de Eleonora, que é filha do suspeito, relatou para a mãe que foi abusada por ele uma vez, quando tinha 11 anos. Eleonora só descobriu que as filhas foram abusadas em outubro de 2020.

Após tomar conhecimento da situação, Eleonora conseguiu convencê-las a denunciar os casos.

A mulher também contou que já havia flagrado o ex-marido assistindo conteúdos pedófilos no ambiente de trabalho, anos antes de descobrir que as filhas foram vítimas de abusos sexuais dele. Apesar disso, Eleonora disse não ter percebido o que se passava na própria casa.

Também ao G1, Eleonora detalhou que vivia uma relação abusiva e que ele conseguiu convencê-la de que não tinha acessado as páginas na internet.

Depois de saber que o algoz da filha era o padrasto, Eleonora procurou saber sobre a filha mais nova. “Perguntei: ‘Teu pai foi teu abusador?’. Ela resistiu, mas depois disse que sim”.

Violência doméstica

Além do caso dos abusos contra as filhas, Eleonora já havia entrado com outros dois processos contra o ex-marido, ambos por agressão. Ela e o radialista foram casados durante 30 anos e tiveram um relacionamento abusivo, marcado por uma série de traições, agressões verbais e físicas.

Eleonora contou que, em uma das vezes, precisou fugir de casa com uma das filhas, após ele ameaçá-la de morte com uso de um facão. Em 2016, quando já estava separada, a mulher entrou com pedido de medida protetiva, que foi concedida. A Justiça determinou que ele respeitasse a distância mínima de 300 metros dela.

O segundo processo movido por Eleonora contra o radialista foi em 2017. Por correr na Vara de Família, o caso está sob sigilo. Através do acompanhamento processual, pelo site do Tribunal de Justiça da Bahia, o G1 verificou que as audiências referentes a este caso foram adiadas por prazo indeterminado, por causa da pandemia.

Leia a matéria original em G1

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