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Ex-Bope fala sobre técnicas para “pegar” Lázaro e relembra caso de necrófilos em 1995 que durou quatro meses

As buscas pelo baiano Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, completaram 15 dias. Durante duas semanas, cerca de trezentos policiais se envolveram em uma operação especial com o objetivo de capturar o criminoso de perfil diferenciado.

Embrenhada em uma extensa mata da zona rural de Cocalzinho, no estado de Goiás, a força tarefa formada por agentes das Polícias Rodoviária Federal, Civil e Militar tentam neutralizar as ações do inimigo, considerado, na visão de muitos, como um “serial killer”.

Lázaro assassinou um empresário, uma mulher e os dois filhos do casal, no início deste mês de junho, em Ceilândia, no Distrito Federal. Dias depois, ele baleou mais quatro pessoas e fez mais uma família refém em Goiás. Antes, o criminoso havia cometido crimes na Bahia, de onde conseguiu fugir da polícia.

A sagacidade e estrutura de pensamento diferenciado de Lázaro, aliados ao conhecimento da região em que se esconde, aumentam bastante a complexidade da operação policial. O foragido sabe onde encontrar esconderijos, conhece as trilhas, e se locomove de forma inteligente, preferencialmente à noite,

Essas observações foram feitas pelo antropólogo e ex-subcomandante do Batalhão de Operações Policiais (Bope) da PM do Rio de Janeiro, Paulo Storani. Em entrevista cedida em vídeo (play abaixo) ao Aratu On, o especialista em Segurança Pública considerou que o criminoso, antes de tudo, é um produto da incapacidade da justiça.

Ele adverte que, diante da peculiaridade do perfil de Lázaro, um indivíduo com comprometimento psíquico, o judiciário não deveria relaxar com a sua prisão. Storani ressaltou que havia um laudo confirmando isso e, mesmo com esse diagnóstico, foi colocado em regime semiaberto.

“Para uma pessoa como essa, foi como abrir as portas da liberdade pra um camarada, extremamente, perigoso que voltou a cometer crime”, considerou.

O capitão veterano do Bope conhece muito bem a situação que está sendo enfrentada pelas forças policiais dentro da mata goiana. Em 1995, ele auxiliou no comando do seu batalhão, que participou da operação de buscas aos chamados “irmãos necrófilos”, até então, último caso conhecido de “serial killers” brasileiros.

Os irmãos Ibraim e Henrique de Oliveira aterrorizaram a região de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Durante quatro anos, eles mataram oito pessoas de forma violenta e praticaram necrofilia, ou seja, se relacionavam sexualmente com os cadáveres. Eles viveram se deslocando com rara habilidade em uma área de 300 mil metros quadrados de Mata Atlântica entre os municípios da redondeza.

Em 2015, o caso que teve grande repercussão nacional foi relembrado, quando completou 20 anos do final da ocorrência, em uma reportagem produzida pelo Sitema Brasileiro de Televisão (SBT).

Storani lembrou que essa operação do Bope levou quatro meses para prender uma pessoa, já que quando isso aconteceu, um dos irmãos não estava mais na mata. “Era uma área bem maior do que aonde está o Lázaro […] Lá em 95, nós nem tínhamos estrutura tecnológica pra isso [a captura]. A única coisa que a gente precisava, era planejar muito bem e operacionalizarmos o momento de pegá-lo”, disse.

O especialista acredita que esse modelo de atuação está sendo adotado pelas forças policiais que trabalham no caso de Lázaro. Contudo, lamenta pela inexistência de uma cultura das polícias brasileiras para o enfrentamento de um problema com essas características.

Leia a matéria original em AratuOn

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