A Folha recebeu, na semana passada, o inquérito citado pelo presidente Jair Bolsonaro em entrevista na noite desta quarta-feira (4) e consultou diversos especialistas e uma pessoa envolvida na investigação, que foram unânimes: o inquérito não conclui que houve fraude no sistema eleitoral em 2018 ou que poderia ter havido adulteração dos resultados, ao contrário do que disse o mandatário.
O caso da invasão, em módulos que não alteram a votação em si, já tinha sido revelado em reportagem no site Tecmundo em novembro de 2018.A partir disso, foi instaurado ainda naquele ano um inquérito sigiloso pela Polícia Federal, que foi obtido pelo deputado Filipe Barros (PSL-PR), relator da PEC do voto impresso na Câmara.
Na entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro afirmou que o código-fonte esteve nas mãos de um hacker e, por isso, a eleição de 2018 pode ter sido fraudada. “Quando tivemos eleições em que o código-fonte esteve na mão de um hacker, pode ter acontecido tudo, [o eleitor] aperta 17 e sai nulo”, disse.
Essa tese é rebatida por Diego Aranha, professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Aarhus (Dinamarca), um dos maiores especialistas em segurança digital.
Aranha é crítico das vulnerabilidades do sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e defende o comprovante impresso, mas não já para a próxima eleição.“É naturalmente falso o argumento de que a posse do código-fonte é suficiente para provocar fraude.
Se fosse o caso, os fiscais de partidos políticos que possuem acesso ao código-fonte nas dependências do TSE estariam fraudando eleições a torto e a direito desde o princípio, o que não é nada razoável de se assumir”, disse Aranha, que também teve acesso ao inquérito.
O inquérito foi instaurado em 8 de novembro de 2018 a partir de reportagem do jornalista Felipe Payão, publicada no site Tecmundo. Na época, Payão revelou comunicações de um hacker que dizia ter invadido o sistema GEDAI.
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