Entre todas as causas de mortes de mulheres na Bahia em 2020, o câncer de mama foi a terceira maior, atrás apenas da Covid-19 e problemas cardiovasculares. Segundo pesquisa divulgada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), foram 1.031 óbitos causados pela doença no ano passado, o que equivale a 16,2% do total de mortes por tumores, ou 13,3 a cada 100 mil baianas.
O trabalho de pesquisa, indica o economista Jadson Santana, da SEI, tem o objetivo de dar subsídios para a atuação do governo do Estado, além de fornecer informações para a sociedade no geral. “Nós vemos poucos trabalhos que fazem um panorama de dados da atual situação do câncer de mama no estado da Bahia, e a SEI tenta entrar nessa lacuna”, explica.
Quando analisado o perfil das mulheres acometidas pelo câncer de mama, a idade acima de 50 anos é um dos principais fatores de risco. Em 2020, 72% das vítimas fatais da neoplasia mamária na Bahia tinham mais de 50 anos. Outros fatores de risco da doença são o sobrepeso, consumo excessivo de álcool, fatores genéticos e nuliparidade. Segundo o coordenador de cirurgia do Centro de Oncologia do Estado da Bahia (Cican), André Bouzas, o aumento do número de casos anuais não é uma novidade. “O aumento e envelhecimento da população, associado a hábitos de vida pouco saudáveis, tem contribuído para isso. Além disso, campanhas como o Outubro Rosa, ampliação da rede de assistência à saúde, aumento do número de mamógrafos e consultas também contribuem para o aumento desses números, pois promovem mais diagnósticos”, diz.
“A faixa etária de maior risco está entre 50 e 69 anos, porém ocorrem casos tanto em pacientes mais jovens quanto mais velhas”, acrescenta Bouzas. Conforme o médico, o autoexame permite que a mulher se conheça melhor e torna mais fácil perceber alterações na mama, mas não substitui a mamografia nem o exame médico.
Ao desconfiar de um nódulo durante um autoexame, a odontopediatra Ana Carla Robatto acabou recebendo o diagnóstico na fase inicial da doença por um mastologista. Para ela, o acesso à saúde deve ser fácil para que o diagnóstico do câncer de mama seja precoce. “Recebendo o diagnóstico, a mulher deve receber o tratamento de forma rápida e precisa, isso é um direito dela. A demora, o inchaço do nosso Sistema único de Saúde [SUS], a dificuldade de acesso a tratamentos de maior complexidade, fazem com que a paciente desanime e não tenha força para lutar”, afirma Robatto.
Entre as 161,7 mil mamografias femininas realizadas na rede pública na Bahia em 2020, pouco mais de 98% tiveram diagnóstico negativo para câncer de mama. Por sua vez, foram cerca de 1,7 mil diagnósticos altamente suspeitos ou confirmados para o câncer de mama entre mulheres baianas.
No Brasil, entre 60% a 70% dos casos de câncer de mama são identificados em estágios avançados, de acordo com o Ministério da Saúde. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o triênio 2020-22, estimam-se 3.460 novos casos da doença na Bahia. Só em Salvador, a expectativa é de 1.180 casos novos nesse mesmo período. Ainda de acordo com o Inca, apesar de ser o segundo tipo mais incidente em mulheres, ficando atrás do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais letal entre as brasileiras. (ATarde)