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Ciclistas baianos são campeão e vice do Brasileiro de mountain bike

Pela primeira vez na história, um nordestino alcançou o topo do pódio na categoria elite do Campeonato Brasileiro de maratona mountain bike. Não bastasse esse feito histórico, foram dois baianos ocupando o 1º e 2º lugares após os 60 quilômetros percorridos pelas trilhas de Juiz de Fora, Minas Gerais. Ulan Galinski, 23 anos, e Kennedi Lago, 26, são os personagens dessa história de muita dedicação, esforço e, claro, competência.

A etapa única do Brasileiro, que aconteceu no domingo (21), foi decidida no detalhe. A prova disso foi a curta distância entre os dois concorrentes baianos. Ulan fez o tempo de 1h52min35s, só 24 segundos antes de Kennedi. “Foi um pelotão compacto do início ao fim, muito rápido. Tudo foi decidido na última subida, foi nesse momento que fiz a diferença na corrida”, conta o campeão.

Lago afirmou que competir em maratona requer muita concentração, mesmo com um ritmo forte. “A gente chegou com média de 31km/h na pista de terra. Tem que saber trabalhar, ter o momento de estratégia, saber quando atacar e defender”, explica o segundo colocado. Uma das características do campeonato é a presença numerosa de competidores do interior do estado brigando pelas posições do topo. Nascido no Vale do Capão, distrito de Palmeiras, na Chapada Diamantina, Ulan começou no ciclismo como mais uma de tantas modalidades que praticava na adolescência.

Ulan comemora vitória no Campeonato Brasileiro (Foto: Felipe Almeida/Divulgação)

“Sempre gostei muito de esporte. Capoeira, jiu-jitsu, futebol. Circo… fiz tudo isso. Mas conheci o ciclismo por dois amigos do Capão quando eles eram grandes nomes da modalidade no estado. Depois de experimentar, como sempre fui muito competitivo e gostava de adrenalina, levei muito a sério e decidi que queria ser profissional. Nesse momento percebi que precisava me dedicar a um só esporte, e foi quando as portas começaram a se abrir”, declara Ulan.

O título veio justamente em sua temporada de estreia na categoria elite. Em 2022, Ulan, que é integrante da equipe Caloi/Henrique Avancini Racing, poderá competir em todas as etapas do Campeonato Brasileiro com a bandeira do Brasil estampada no uniforme, distinção dada apenas ao vencedor do nacional no ano anterior. “Agora vou competir com o alvo dos adversários nas costas”, brinca.

Neste ano, quando deixou de correr pelo sub-23, Galinski conquistou a Copa Internacional Taça Brasil, além de provas que somam pontos para o ranking mundial. Mas a medalha dourada no Brasileiro, que fechou 2021 com “chave de ouro”, como definiu, foi a conquista mais importante da carreira: “É um sonho de criança. Sou um atleta muito ambicioso, tive crença em mim e trabalhei muito. É difícil dizer, mas eu me via conquistando esses espaços, chegando nesse nível que estou hoje. Mas confesso que a ficha está demorando um pouco para cair”, afirma.

Dobradinha baiana

E o sonho que começou nas pistas de terra da Chapada Diamantina cruzou o caminho de um outro baiano, que também saiu do interior rumo à elite dos atletas de ciclismo do país. “Sou um pouco mais velho que Ulan, mas crescemos juntos nacionalmente. É um cara que considero muito, uma referência. As disputas ficam sempre dentro das pistas, mas tenho uma amizade grande e o esporte proporciona esses dois lados”, comenta Kennedi Lago.

O vice-campeão brasileiro saiu de Castro Alves, no Recôncavo, onde começou a treinar em 2012, em copas municipais. O ciclista lembra bem da primeira delas, uma disputa de 20 km, quando ele foi campeão e decidiu que competiria uma segunda vez. 

“Fiquei muito feliz por fazer essa dobradinha. Ele foi minha maior referência na Bahia nos meus primeiros anos. É um grande amigo, foi especial dividir esse momento com ele”, disse Ulan sobre sua amizade com Kennedi

“Os amigos e a família me incentivaram a competir de novo. O resultado foi que furei os dois pneus na prova”, relembra, com descontração. “Após um ano passei a competir mesmo. Treinando sozinho, sem nenhuma base de como seria dali para frente, mas fui seguindo. Entre os 14 e 15 anos pensei: ‘Quero competir, evoluir e buscar algo a mais’. Já em 2015 a coisa mudou e comecei a trabalhar como profissional, ter apoio de marcas e uma esturtura melhor”, explica Kennedi, que desde então vive do esporte.

Em 2017 ele levou o título de campeão das Américas e, no ano seguinte, foi medalha de bronze no Brasileiro. 

O ciclista está entre os atletas que foram do interior da Bahia até Juiz de Fora em um ônibus da prefeitura de Castro Alves, sua terra natal. Além do transporte, a gestão municipal bancou a estadia para os competidores que representavam a cidade. “Há pelo menos cinco anos faço parte da seleção de ciclistas de Castro Alves, que é um trabalho da prefeitura. Existe um projeto para atrair jovens atletas, onde eles tenham algo para praticar. A prefeitura proporciona aos atletas competições a nível nacional”, explica.

No ônibus, foram 35 competidores, sendo 11 de Castro Alves e outros espalhados pelo estado, como de Vitória da Conquista, Santo Estevão, Ruy Barbosa e Irecê.

Para 2022, os planos da dupla são os mesmos: continuar a crescer. “No ano que vem quero seguir com o projeto da prefeitura porque é uma inspiração para mim trabalhar assim de forma consciente. Temos muita coisa para escrever e apresentar minha cidade, meu estado”, diz Kennedi.

Ulan, que além de competir na categoria maratona disputa pela cross country, disse que o foco agora está nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. O campeão brasileiro precisa pontuar em corridas para subir no ranking mundial e garantir a vaga na maior competição esportiva do mundo. “Quero chegar lá e representar o Brasil. Vou continuar crescendo, conquistando grandes resultados e ir em busca do ouro no cross country em Paris”.

Fonte: Correio24horas.

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