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Em menos de 1 mês, Bahia registra maiores taxas de transmissão e de casos ativos da covid

O ano de 2022 tem sido de recordes nos números da pandemia. Em menos de um mês, a Bahia já registrou a maior taxa de transmissão da covid-19, o maior número de casos ativos e, agora, a maior quantidade de testes positivos. Segundo o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), 70,38% das 3.076 amostras analisadas deram positivo no último domingo (6), o maior percentual desde março de 2020.  

A taxa de positividade dos testes em relação à semana epidemiológica – a média de amostras positivas em sete dias – também atingiu a maior marca. “Fechamos a semana epidemiológica, no último sábado, em 64,37% dos testes positivos, que é o maior percentual desde o início da pandemia. Desde o dia 25 de janeiro que entramos nessa faixa de 60% e não saímos mais”, explica a diretora do Lacen-BA, Arabela Leal.  

O índice mais próximo do registrado agora foi há exato um ano. “Em fevereiro de 2021, tivemos quatro semanas com a taxa de positividade dos testes acima de 50%, mas nunca passamos de 60%. Nas últimas quatro semanas de dezembro, não chegava nem a 10%, então o aumento foi muito significativo. Saiu de 10 para 22% na segunda semana, depois 44%, 61%, e, agora, 64%”, conta.  

Quantidade de testes positivos diários, das amostras analisadas pelo Lacen-BA (Foto: Reprodução/Twitter)

O volume de testes enviados pelas prefeituras baianas mais que dobrou, durante o mês de janeiro. De uma média de 3 a 4 mil amostras diárias, o Lacen chegou a receber 8 mil na semana passada. Por conta disso, o laboratório precisou aumentar a equipe e tem demorado mais tempo para dar os resultados. O exame, que ficava pronto em até 48h, demora mais de 72h para sair.  

Outro motivo que tem feito os resultados atrasarem é a falta de insumos. “Estamos com dificuldade em receber o kit de extração para execução do teste. O Ministério da Saúde, disse que está tendo problemas com a malha viária. Iríamos receber no domingo de manhã, mas atrasou, e ficamos com a produção em baixa no final de semana”, justifica Arabela Leal.

O Ministério da Saúde foi procurado, mas não respondeu até o fechamento da matéria. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o Lacen não faz contraprovas de exames feitos em farmácias, laboratórios ou clínicas populares. “Todo serviço de saúde, seja privado ou público, tem a obrigação de fazer a notificação dos exames realizados nos sistemas do Ministério da Saúde”, explica a secretaria. 

Alta transmissibilidade 
A razão principal dessa explosão de casos e testes positivos é a alta transmissibilidade da variante ômicron, predominante na Bahia, associado ao desrespeito das medidas restritivas. “As pessoas não estão tendo mais os mesmos cuidados. A ômicron tende ser um quadro mais leve da doença e isso faz com que elas não busquem o teste e não façam o isolamento. Ou seja, elas continuam circulando e transmitindo a doença para outras pessoas”, argumenta.  

Arabela reforça que na mínima suspeita, o recomendável é testar. “Em tempos de pandemia, se a pessoa tem sinal de problema respiratório, garganta inflamada, nariz entupido ou uma leve dor de cabeça, já deve servir de alerta para fazer o teste e se isolar”, orienta. Ela ainda recomenda que as pessoas completem o esquema vacinal para evitar sintomas graves. 

Positividade de testes dobra no interior  
Em Capim Grosso, cidade no Centro-Norte baiano, o número de testes positivos dobrou em relação ao pico da pandemia, em 2021. “Estamos testando 150 pessoas por dia e a média de positividade está sendo 60%, o que era entre 20% e 30% no ano passado”, afirma o coordenador epidemiológico, Maguibe Rangel.  

A quantidade de casos ativos, por sua vez, duplicou. “No pico da variante delta tivemos 282 casos ativos, foi nosso máximo. Chegamos a mais que duplicar, chegando a 644 casos na última sexta-feira”, acrescenta Rangel. Dentre os infectados, muitos são profissionais de saúde. “Semana passada, ficamos com 43 profissionais afastados, o que retardou o atendimento”, conclui Rangel.  

Em Ibiparuã, no Sul da Bahia, o aumento de casos foi tamanho que a prefeitura suspendeu as aulas do calendário letivo de 2022 por tempo indeterminado, “até que seja constatada queda de contágio”. Em uma semana, de 21 a 28 de janeiro, a quantidade de pessoas infectadas na cidade, com menos de 10 mil habitantes, saltou de 48 para 250. O último boletim epidemiológico, da última sexta-feira (4), aponta 213 casos ativos.  

No Nordeste baiano, na cidade de Cipó, a alta de casos também foi súbita. Até o dia 11 de janeiro, a cidade acumulava quase 30 dias sem casos ativos. No dia 12, dois foram notificados. Menos de um mês depois, o município acumula 420 infectados simultâneos.  

Taxa de transmissão da Bahia continua alta 
A taxa de transmissão do novo coronavírus, medida pelo fator RT, teve uma leve queda na segunda quinzena de janeiro. No entanto, a média ainda é alta, por volta de 2, segundo a matemática Juliane Fonseca, pesquisadora do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz.  

O RT é usado para medir quantos novos casos diários são gerados por uma pessoa infectada. Se a taxa for menor que 1, significa que a curva de contágio está decrescente e a pandemia sob controle. Se estiver superior a 1, a curva de contágio cresce, assim como o número de casos. 

“Apesar de a curva estar subindo, ela aparenta ter dado uma reduzida, comparado ao período anterior ao dia 23 de janeiro. Pode ser um bom sinal, mas ainda precisamos observar os próximos 15 dias, pois sempre existe atraso nos dados. Mas, ainda assim, um RT 2 é alto. Ou seja, a pandemia segue descontrolada”, explica Juliane.  

Na última semana, o RT variou de 1 a 3,8. No sábado (6), ficou em 1,3 e, no domingo, em 0,45. Esse índice de 0,45 se explica pela demora na confirmação dos casos. “A série de RT tem oscilações com a tendência do número de casos. No dia 3 de fevereiro, foram registrados 15 mil casos em um dia só. Depois caiu para 2 mil. Ou seja, o RT ficou baixo porque foi comparado com os outros dias. Mas a média desse período está em volta de 2, número ainda alto”, detalha a pesquisadora.  

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) ficou de mandar os dados da taxa de transmissão na cidade, mas não os enviou até o fechamento da matéria. 

Fonte: Correio24horas.

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