Há quase quatro meses, o músico Davi Henrique, de 29 anos, vive um transtorno. Ele teve o seu perfil no Instagram hackeado e, depois, usado para aplicar um golpe que tem sido cada vez mais comum: com o domínio da conta, os criminosos passam a anunciar ofertas falsas de vendas para os seguidores.
Ele conta que, no seu caso, o perfil tem sido utilizado para divulgar a venda de eletrodomésticos por valores muito abaixo do padrão. Para acertar a compra, os hackers exigem um adiantamento via Pix de 50% do valor. “A outra metade, eles falam que paga na entrega do produto. Mas depois que a pessoa faz o Pix, eles bloqueiam ela”, explica Davi.
“Estão conseguindo arrancar dinheiro de muita gente. Quatro pessoas próximas a mim perderam dinheiro, além de outras pessoas”, afirma. Além do desgaste de ter perdido a conta, o músico relata que já chegou a ser ameaçado por pessoas que caíram no golpe em seu nome.
“Uma pessoa chegou pra mim e falou ‘você vai ver as consequências’, mas não tenho culpa se não tenho acesso a essa conta. Eu tento explicar às pessoas da melhor maneira possível, mas às vezes tem pessoas inconsequentes que não querem entender que eu não tenho culpa. Isso só tá me gerando prejuízo. Não sei o que fazer, estou com as mãos atadas”, desabafa o músico.
Davi conta que já registrou boletim de ocorrência e solicitou ao Instagram que apague o perfil em posse dos hackers, mas até agora não teve nenhum retorno da plataforma.
A advogada Ana Paula de Moraes, especialista em crime virtual, alerta que casos como o de Davi Henrique têm sido recorrentes. Para se proteger de ter a conta clonada, segundo ela, a principal dica é manter o perfil fechado.
Do outro lado, o usuário que se interessa por um produto anunciado em redes sociais deve sempre analisar a conta e, em caso de loja virtual, veririficar a reputação do perfil. “Também não é bom clicar nesses links que são disponibilizados nesses Instagrams para remeter para compra”, acrescenta.
“Se você foi vítima de golpe por um Instagram hackeado, você deve comunicar ao Instagram, na parte de configurações, informar que estão usando a conta para aplicar golpe”, reforça a advogada.
Ponderando que o Pix não é a forma de pagamento mais segura, a especialista esclarece que a resolução 103 de 2001, do Banco Central, torna obrigatório que instituições financeiras devolvam o dinheiro ao titular de conta corrente que tenha sido vítima de golpes como estelionato, roubo ou furto por meio do Pix.
“Se você foi vítima, você deve registrar boletim de ocorrência pra que você possa lançar mão da resolução […] Com o BO, você dá entrada no setor de fraude do banco formalmente ou com carta de próprio punho”, explica.
“Tanto num caso como no outro, a realização de boletim de ocorrência é importantíssima pra livrar a pessoa de qualquer dano lá na frente […] Precisa dizer para a polícia ‘usaram minha imagem’, senão essa pessoa pode ser obrigada a ressarcir as vítimas (que fizeram transferências), sendo que ela não tem responsabilidade sobre essa operação”, pontua. (BNews)