Filhas de uma idosa de 72 anos que morreu após ter sido atropelada por um ônibus coletivo da empresa Ótima pedem justiça pela morte da mãe. A mulher, identificada como Elza Maria dos Anjos Santos, faleceu na sexta-feira (1°), após, segundo boletim de ocorrência registrado pelo motorista na Polícia Civil (PC), ter tentado atravessar a Estrada do Mandu, no bairro de São Marcos, em Salvador.
A PC informou que a ocorrência foi registrada na 10ª DT/Pau da Lima, que apura o ocorrido. De acordo com o registro, a vítima atravessava a pista e quando avistou o ônibus tentou recuar, mas caiu, momento em que foi atropelada. A idosa foi socorrida para o Hospital Geral do Estado, mas morreu cinco horas depois. A polícia expediu guia para perícia no veículo.
A indignação da família começa no atropelamento e nas versões da história, segundo eles, contraditórias do motorista, que primeiro disse à Transalvador que a vítima havia somente se chocado com a lateral do ônibus, mas na delegacia informou que ela ia atravessar a rua e o coletivo passou em cima da perna esquerda dela.
“Minha mãe teve todos os ossos da bacia fraturados, ela morreu de hemorragia aguda e ainda teve que fazer uma cirurgia aberta porque também teve o fígado afetado. Ou seja, ele não passou por cima da perna dela, da perna esquerda, como ele disse na delegacia, o atropelamento foi muito mais violento do que o que ele declarou”, disse Patrícia Anjos, filha da vítima.
Patrícia explicou que o motorista permaneceu no local após o acidente esperando pela assistência jurídica da empresa. “Enquanto minha mãe estava sendo socorrida, o carro da Samu sequer tinha saído do local, ele já estava registrando um BO com a Transalvador”, alegou a filha de Elza Maria.
“A empresa foi lá e tentou se cobrir, livrar a cara do motorista, essa é a verdade, e pronto. Eles falaram que iriam lá no hospital para conversar com a gente, mas não foram, não ligaram, não entraram em contato com ninguém, não procuraram nem saber o que tinha acontecido. Eles simplesmente estão quietos, não se pronunciaram em momento algum. E assim, a gente tem esse sentimento que parece que vai ficar só como mais um acidente, mas minha mãe morreu”, contou Patrícia.
Segundo ela, que foi ao local depois do acidente conversar com as pessoas que presenciaram o ocorrido, dois comerciantes disseram que a responsabilidade do atropelamento foi do motorista, por imprudência no trânsito. “Ali tem um sinal que estava fechado, então como era uma um retorno, ele aproveitou que o sinal estava fechado para entrar e passar para a próxima via. Segundo o depoimento dessas duas pessoas, que têm barracas em frente ao local, foi que ele entrou com muita velocidade na curva e não se preocupou com os pedestres”, detalhou a mulher. “Pra gente isso é muito revoltante. Foi uma coisa que ficou anonimato e nosso desejo é externar isso, de tornar isso público, da empresa ver que que não é simplesmente chegar no trânsito, matar e no dia seguinte colocar o cara pra trabalhar de novo”.
Patrícia também questiona o fato de não poder registrar um novo boletim de ocorrência, porque o motorista já o fez. A Polícia explicou que “o registro do boletim informa que existe uma ocorrência. A ocorrência, portanto, é uma só, motivo pelo qual há apenas um registro dela. O fato de uma das partes envolvidas tê-la registrado não faz com que aquela versão tenha mais ou menos peso durante a investigação dos fatos. Todas as devidas medidas de polícia judiciária estão sendo realizadas para a apuração do caso”.
Segundo a Ótima não houve atropelamento. “A senhora se chocou com a lateral do ônibus que estava a 12 km por hora. Ela foi atendida pelo Samu e regulada. Até então a empresa deu assistência possível”, defendeu a empresa por meio de nota.
Quando perguntada sobre as duas versões da histórias contadas pelo motorista, a empresa preferiu não se pronunciar, afirmando que “como o assunto já está na esfera policial, não cabe o debate na esfera jornalística. Estamos à disposição das autoridades e da família para os devidos esclarecimentos”.
Fonte: Correio24horas.