Com 4.879.357 veículos comercializados, as vendas de carros usados no acumulado do ano (janeiro a maio de 2022) registraram queda de 19,1% no Brasil, em relação ao mesmo período de 2021, cujas vendas somaram 6.030.983 unidades, segundo a Fenauto, entidade que representa as revendas de seminovos e usados.
Segundo a Associação de Revendas de Veículos Seminovos da Bahia (Assoveba), as vendas de automóveis seminovos e usados no estado cresceram 28,7% no mês de maio, em relação ao mês de abril, mas registraram queda de -30% no acumulado do ano.
No início do mês de junho, era alta a expectativa dos lojistas, no entanto, ao que parece os baianos estavam muito mais interessados em viajar e aproveitar os festejos juninos do que na compra ou troca do carro.
“Está sendo um mês bem desafiador. Com o retorno das festas de São João por todo estado e valorização dos veículos usados, alguns clientes estão deixando para o próximo mês a troca ou compra do veículo. Houve uma queda de 25%, comparado com o mês de maio”, explica Jeferson Santos, vendedor líder Viasul Jeep Seminovos.
“Já para julho, e o segundo semestre, é esperado um crescimento médio de 20%, comparado com o primeiro semestre do ano”, revela.
O presidente da Assoveba, Ari Pinheiro Junior, afirma que é alta a expectativa para o mês de julho e o segundo semestre do ano, quando o mercado em geral fica mais aquecido, apesar da crise econômica.
Usados maduros
A alta exponencial nos preços dos carros, além do cenário econômico difícil, com aumento dos juros e do custo do financiamento, alta constante de combustíveis, elevado índice de desemprego e de endividamento das famílias, estão estimulando as vendas dos veículos usados maduros e até de carros mais velhinhos.
Segundo levantamento da Assoveba/Fenauto, em maio as vendas na Bahia de usados jovens (3 a 5 anos) cresceram 31,10%, de usados maduros (5 a 10 anos) 24,80%, de velhinhos 23,37% (acima de 10 anos) e de seminovos 20,74% (até 3 anos).
“O aumento nas vendas de carros mais velhos e de usados maduros reflete a queda no poder aquisitivo do consumidor baiano”, pondera Ari Pinheiro. “Quem não tem um carro para dar na troca, por exemplo, está tendo muita dificuldade. A parcela está ficando muito alta, a entrada tem de ser maior”. Ou seja, os carros maduros e os velhinhos estão sendo procurados porque são mais baratos e acessíveis.
Preços
A escassez de veículos novos, provocada pela falta de chips e pelo aumento dos desafios de logística em função da guerra no leste europeu, mantém em alta a procura por seminovos e usados. “O cenário é favorável para o usado e seminovo. Não é o cenário ideal, pois os desafios são enormes, mas acredito numa melhoria dos resultados”, avalia Diego Cova, lojista da DG Seminovos, do Auto Shopping Itapoan.
Um dos problemas dessa escassez de novos é o aumento de preços. A média de preços de seminovos foi subindo de R$ 35, R$ 40 mil e hoje chega a R$ 65-70 mil. “A tendência agora é estabilização dos preços não tem mais margem para aumentos. A verdade é que já estamos vendendo vários carros abaixo da tabela Fipe, pois os valores estão surreais”, explica Cova.
“Vejo como tendência a volta da negociação no mercado baiano por um valor mais adequado à nossa realidade. A Fipe aumentou e continua aumentando, mas não acredito que vamos acompanhá-la. Isso vai beneficiar o mercado com o reaquecimento das vendas e, por tabela, o consumidor, que vai comprar veículos com o preço mais adequado à nossa realidade”, pondera. (ATarde)