O uso de máscaras voltou a ser obrigatório em locais fechados na Bahia. Hospitais do estado suspenderam visitas. A quinta dose da vacina começou a ser aplicada. Gripários em Salvador serão reabertos. Shows são cancelados. Empresas enfrentam falta de funcionários, doentes.
Há mais de sete meses, a Bahia (e grande parte do mundo) se eximiu de uma série de cuidados relacionados à pandemia da Covid-19. Em 12 de abril, um decreto do governo do estado desobrigou, por exemplo, o uso de máscaras. Praticamente tudo voltou a funcionar e o chamado “novo normal” ficou cada vez mais parecido com o velho normal.
Desde outubro, porém, uma subvariante da ômicron, denominada de BQ.1, causou o avanço da doença em países como Alemanha e França e, mais tarde, no Brasil. Infectada com a linhagem do coronavírus, uma paciente portadora de diversas comorbidades chegou a morrer em São Paulo no início de novembro.
Na Bahia, os casos ativos da Covid-19 atingiram 6.025 no último dia 30. Um mês antes, o número era quase oito vezes menor: estava em 782 em 31 de outubro. Mas, por causa da vacinação, os óbitos não acompanharam o crescimento: comparando os períodos, a taxa de letalidade chegou a descer 0,02% – está em 1,79%.
O estudante de produção cultural Mateus Anjo foi uma das pessoas atingidas nesta nova onda. “Tive sintomas leves, um pouco de garganta inflamada, dor de cabeça, mas nada além disso, claro que por conta da vacina. Estou vacinado com as quatro doses”, relatou.
A rápida transmissão da subvariante da ômicron indica a continuidade da doença no mundo, de acordo com a avaliação do médico infectologista e membro diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antônio Bandeira.
“A Covid-19 não vai nos deixar. É como a Influenza, que a gente tem todo ano, está acostumado, e inúmeros vírus que circulam nas comunidades humanas, às vezes há centenas de anos. A Covid-19 é um coronavírus novo que veio se juntar a outros coronavírus, ela não vai embora”, declarou, em entrevista ao programa Melhor de 3 na Rádio Metropole.
Para driblar os efeitos destas novas mutações, que são o caminho natural do vírus, é necessário o avanço da imunização e que a população complete o esquema vacinal. A quinta dose já está disponível para imunossuprimidos.
No estado, 47,4% da população acima dos 12 anos tomou a segunda dose de reforço da vacina contra o coronavírus, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Já entre o público de três a quatro anos, apenas 6,15% tomaram a segunda dose. Do público de dois meses a seis anos, 0,09% se vacinaram.
Bandeira também reforçou a importância do uso de máscaras, especialmente para os grupos de maior risco. O novo decreto do estado da Bahia, publicado no último dia 29, tornou obrigatória a utilização do acessório em transportes públicos, instituições de ensino e religiosas, estabelecimentos comerciais e ambientes fechados em geral.
E as festas, como ficam?
O novo pico de casos da Covid-19 chegou na iminência do período das festividades do fim do ano e do início do próximo. Até então, o governo da Bahia e a prefeitura de Salvador não se manifestaram sobre qualquer alteração em relação às comemorações: por enquanto, estão mantidas.
O infectologista Antônio Bandeira alerta, entretanto, que para garantir o natal, o réveillon e o carnaval, os cuidados devem ser redobrados. “Acho que essas festas, a princípio, não vão estar muito ameaçadas à medida em que as pessoas mantiverem a sua condição de estarem se vacinando. Quem não tomou a dose de reforço deve tomar a dose de reforço. O que a gente quer prevenir são as infecções mais graves”, disse.
Ademais, um aumento de casos é esperado. “No réveillon e no carnaval é claro que vai turbinar [o número de casos], é o que sempre acontece em qualquer festa como essas. Não tem jeito, a Covid a gente pega através do contato e a disseminação nesse período é muito grande”, avaliou Bandeira.
A recomendação do médico é de que as pessoas que estão nos grupos de risco, mesmo vacinadas, tomem “um cuidado extra”.
Fazem parte do grupo de risco para a Covid-19 os idosos, gestantes, puérperas e pessoas com comorbidades e imunossuprimidas. (Metro1)