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Taurus obtém empréstimo de R$ 175,71 mi de empresa vinculada ao Ministério da Ciência

A marca gaúcha Taurus Armas obteve empréstimo de R$ 175,71 milhões da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O contrato foi assinado na última segunda-feira (13), de acordo com comunicado da empresa aos seus acionistas.

Com esse dinheiro, a Taurus afirma que irá criar o seu Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia e ampliar os investimentos para desenvolver novos produtos, sobretudo feitos à base de nióbio, diamond like carbon (DLC), grafeno e polímeros de fibras, “sem comprometer caixa operacional da Companhia”, diz a nota aos investidores.

O contrato tem duração de 12 anos, e a Finep irá transferir à Taurus seis parcelas semestrais. A fabricante começará a pagar o empréstimo daqui a três meses e corrigido pela TJLP, taxa de juros de longo prazo, de 0,385% ao ano.

Para a Taurus, a aprovação da linha de crédito “representa um importante marco para a Companhia, o acesso aos financiamentos públicos”, diz o comunicado da empresa.

Em nota à reportagem, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação diz que o projeto da Taurus atende às exigências do edital de financiamento da Finep.

De acordo com a pasta, o centro de Tecnologia e Engenharia será composto de laboratórios metrológicos e metalúrgico, ferramentaria dedicada ao desenvolvimento de novos produtos, entre outros.

Já a Finep disse que, em 2022, apoiou 227 projetos com financiamentos reembolsáveis, totalizando R$ 3,9 bilhões. Neste ano, são 72 projetos habilitados, entre os quais o celebrado com a Taurus, e um montante de R$ 1,21 bilhão –dos R$ 2,9 bilhões previstos para empréstimos. O Ministério e a Finep não detalharam quais os produtos que serão desenvolvidos pela fabricante de armas.

Procurada pela reportagem, a Taurus não concedeu entrevista.

Apesar de o contrato ter sido assinado nesta segunda, a fabricante de armas deu entrada no projeto ainda no governo Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente é um defensor do armamento da população e também dos metais nióbios e grafenos.

Salesio Nuhs, CEO da Taurus, apresentou para Bolsonaro um protótipo da pistola G3, revestida a base de grafeno, durante a 1ª Feira Brasileira do Grafeno, em julho de 2021 na cidade de Caxias do Sul (RS). O grafeno reduz o peso da arma e evita corrosão. Antes de chegar à Presidência da República, Bolsonaro já alimentava uma obsessão pelo nióbio, usado para tornar ligas metais mais leves e resistentes.

Um levantamento da Folha de S. Paulo mostrou, em fevereiro de 2022, que foram feitos 295 requerimentos de exploração do nióbio, sendo 171 aprovados, em 2019, 2020 e 2021, os três primeiros anos do governo Bolsonaro. No triênio de 2016 a 2018, foram 120 requerimentos e 74 autorizados.
Fábio Guedes Gomes, secretário-executivo da Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento Brasileiro, reitera que o empréstimo milionário para uma fabricante de armas não é ilegal.

“Qualquer empresa que deseja investir em pesquisa e desenvolvimento para novas tecnologias, produtos e serviços pode acessar essa parcela de recursos da Finep”, afirma Gomes. “Essas indústrias na Alemanha e na França, por exemplo, financiam muitos projetos de pesquisas, e fabricar armas no Brasil não é proibido.”

Especialista em indústria armamentista, Roberto Uchôa reclama do aporte de dinheiro público para Taurus. “Uma empresa que distribuiu dividendos milionários para os seus acionistas vai pegar uma quantia semelhante do governo e a juros bastante generosos. É o dinheiro público sendo gasto com arma de fogo”, afirma Uchôa, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Fonte: BNews.

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