O ministro da Justiça Sergio Moro foi presenteado com um troféu na noite desta terça-feira, durante a sessão da qual participa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Ao receber o “prêmio”, o ex-juiz falava há mais de 7h aos parlamentares sobre as mensagens atribuídas a ele e ao procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato.
A homenagem foi entregue pelo deputado Boca Aberta (PROS-PR). Após fazer um discurso contra o PT, ele levou a taça prata até Moro e explicou que ela seria equivalente ao troféu da Liga dos Campeões, principal competição de clubes no mundo e disputada na Europa.
De acordo com o deputado, foi escrito no objeto: “Sergio Moro, a maior estrela do combate à corrupção”. Boca Aberta elevou o tom contra a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, usando inclusive palavras de baixo calão. A bancada do PT reagiu e teve começo um bate-boca que se estendeu por alguns minutos.
— Cobiçado por craques como Neymar e Messi, (o troféu) agora ficará com o craque Moro — disse Boca Aberta.
Como já havia feito no Senado, Moro aceitou convite dos deputados para ser sabatinado sobre os diálogos divulgados pelo site “The Intercept Brasil”. Ao longo da tarde e da noite desta terça-feira, ele explicou que não reconhece a autenticidade das informações e pontuou que, em sua opinião, os vazamentos partiram de criminosos interessados em enfraquecer a Lava-Jato.
O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), ameaçou algumas vezes encerrar a sessão, que só terminou por volta de 21h30, mais de sete horas após ser iniciada. Irritado, ele chegou a comparar a sabatina com o humorístico “Escolinha do Professor Raimundo”. Francischini ainda imitou o gesto que o personagem de Chico Anysio fazia com o polegar e o dedo indicador, e relembrou o bordão:
— E o salário, ó! — disse o presidente da sessão, em referência aos ganhos mensais dos parlamentares (R$ 33.763).
*OGlobo