Os grãos baianos batem recorde novamente depois das estimativas para 2020 já terem superado anos anteriores em junho e julho. A aferição realizada em agosto para a safra baiana de cereais, leguminosas e oleaginosas neste ano é de que a produção deve chegar a 9.712.445 toneladas, segundo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado pelo IBGE. A quantidade é a maior da série histórica iniciada em 1972.
Com a revisão para cima da produção, a expectativa é de que o ano feche com um aumento de 17,2% (ou mais 1.428.785 toneladas) em relação à safra de grãos de 2019. Em julho, a previsão do IBGE era 1,9% menor do que a de agosto.
O IBGE informa que, com base na estimativa do mês passado, a Bahia deve se manter, em 2020, com a oitava maior produção de grãos do país, respondendo por 3,9% do total nacional, em um ranking liderado pelo Mato Grosso, responsável por 28,6% da produção brasileira.
A expectativa de crescimento da safra de grãos na Bahia ante 2019 se deve às condições favoráveis para as culturas, não a uma baixa produtividade no ano passado, garante o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Humberto Miranda.
“2019 foi excelente, mas 2020 está excepcional com chuvas bem distribuídas em quase todas as regiões produtoras do estado. Isso pode fazer com que consigamos superar um ano que já foi bom”, analisa Miranda.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com base nas estimativas de setembro, espera-se que a produção de grãos aumente em 21% em 2020 na comparação com 2019, passando de 8.302,7 mil toneladas na safra anterior, para 10.098,8 mil toneladas na atual.
Milho segunda safra
No levantamento de agosto, o IBGE aponta que o milho da segunda safra foi o grande responsável pela puxada da previsão anual já que a estimativa de produção baiana desta colheita do grão atingiu 480 mil toneladas naquele mês – um crescimento de 29,7% maior que a expectativa de julho. Analisando o ano como um todo, a produção de milho 2ª safra na Bahia em 2020 deve ficar 73,9% maior que a de 2019, quando foram registradas 204 mil toneladas.
Segundo a Conab, em setembro, a produção total de milho em grãos na Bahia para a safra 2020 está estimada em 2.479,1 mil toneladas, o que equivale a uma aumento de 52,1% em relação à safra passada. A estimativa da companhia é de que a produção do grão da terceira safra (equivalente a 2ª safra do IBGE) seja de 693,3 mil toneladas, um aumento de 155,2% em relação a 2019.
De acordo com o IBGE, o crescimento da área plantada do milho entre julho, com 230 mil hectares, e agosto, com 250 mil hectares, foi o motivo primordial para o aumento na previsão.
Colhido majoritariamente no Norte da Bahia, o milho da segunda safra aumentou em 20 mil hectares, aponta o IBGE. Entretanto, a área destinada para a cultura em todo o estado cresceu apenas 0,1% na comparação com 2019, segundo estimativa de setembro da safra anual realizada pela Conab. A companhia diz não haver aumento de área em relação à safra passada do grão da segunda cota de plantação. Ambas possuíam 231,1 mil hectares, informa a empresa pública.
Clima favorável
A produção foi beneficiada pelo clima favorável com chuvas regulares em toda a Bahia, afirma o gerente de desenvolvimento da Superintendência da Conab na Bahia, Marcelo Ribeiro. Além deste fator principal, o investimento em inovação no campo e em conhecimento para os produtores também foram primordiais para a boa safra, analisa o presidente da Faeb.
“O maior uso de tecnologia, a busca por conhecimento e inovação no campo também têm refletido no aumento da produção, inclusive, sem que haja uma necessidade de aumento de área como um todo”, comenta Miranda, que espera observar um crescimento contínuo na produção de grãos no estado caso o clima se mantenha favorável.
Na Bahia, a primeira safra do milho é semeada até dezembro, com maior expressão na região oeste do estado; e a segunda, cujo plantio começou em maio e tem como região focal o norte do estado. O cereal da primeira safra já foi totalmente colhido, segundo Ribeiro, enquanto a segunda cota está com a colheita em andamento. “A previsão é que o processo se estenda até o mês de dezembro do ano em curso”, calcula.
O milho produzido na Bahia é consumido na região nordeste do país, tendo como principal consumidor o setor granjeiro, informa Ribeiro. O presidente da Faeb, Humberto Miranda, diz que dados do próprio setor indicam que 30% do cereal amarelo produzido no estado é destinado para o Nordeste, outros 30% ficam em terras baianas e cerca de 40% são para a exportação.
Em uma fazenda localizada no município de Tancredo Neves, Gabriel Rici, 24 anos, produz minho em segunda safra voltado para a confecção de ração animal. Ele calcula que deve produzir 10 sacos por hectare a mais do que conseguiu na mesma área no ano passado, mesmo com grande quantidade de chuva ter chegado a atrapalhar o cultivo.
“A chuva atrapalhou um pouco, mas fizemos menos investimento este ano e colhemos mais. Se chovesse menos, poderíamos colher até mais pois daria para fazer um tratamento melhor da plantação”, conta o produtor, que está tendo dificuldade para colher o grão pois a chuva não para na região.
Outras safras
A previsão do IBGE é de que 11 das 25 safras de produtos investigadas pelo LSPA na Bahia sejam maiores que as de 2019. A quantidade de culturas com a expectativa de melhoria era a mesma em julho, o que mudou foram os produtos citados.
Em julho, esperava-se que produção do amendoim (1ª safra) fosse maior que a de 2019, agora, ela deve ser 6,7% menor que a registrada no ano passado. A queda foi compensada pela revisão da previsão da safra da mamona, que agora aponta para um aumento de 33,3% ante 2019.
Em termos absolutos, as seguintes produções possuem as maiores previsões de crescimento no estado: cana-de-açúcar (+944 mil toneladas ou +22,4%), soja (+718.100 toneladas ou +13,5%) e milho 1ª safra (+434.600 toneladas ou +31,8%).
Ovo
Assim como os grãos, a produção de ovo de galinha na Bahia está em alta. Segundo o IBGE, no 2º trimestre de 2020, foram produzidas 14,1 milhões de dúzias de ovos do tipo – um aumento de 10,9% em relação ao 1º trimestre deste ano, com 12,7 milhões de dúzias, e de 34,2% em relação ao 2º trimestre de 2019, com 10,5 milhões.
Este foi o melhor resultado para a produção baiana do alimento desde 1987, quando se iniciou a série histórica da Pesquisa Trimestral da Produção de Ovos de Galinha, do IBGE. O antigo recorde da produção baiana era do 1º trimestre deste ano. A Bahia representa 1,4% da produção nacional do produto. (Correio)