No início da vacinação contra a Covid-19, maus exemplos vieram de quem deveria, justamente, incentivar boas práticas. Um prefeito, uma secretária de saúde e um fotógrafo oficial de cidades do interior de Sergipe e de Pernambuco furaram a fila para imunização, na manhã desta terça-feira (19/1). Eles não fazem parte do grupo prioritário, que engloba profissionais de saúde da linha de frente, indígenas que vivem em aldeias e pessoas com deficiência que vivem em instituições inclusivas.
Na cidade de Itabi, Sergipe, o prefeito Júnior de Amynthas (DEM) foi o primeiro a tomar a vacina. A justificativa, segundo nota oficial da Secretaria de Saúde, foi a de incentivar a população a aderir à campanha de vacinação. Em comunicado, a prefeitura alegou que, conforme o Ministério da Saúde, estados e municípios podem adequar a priorização de acordo com a realidade de cada lugar.
“É a razão pela qual o prefeito Júnior de Amynthas foi imunizado, em um ato de demonstração de segurança, legitimidade e eficácia da vacina para incentivar a população Itabiense a se vacinar”, diz o texto.
Em Jupi, Pernambuco, a secretária municipal de Saúde da cidade, Maria Nadir Ferro, e o fotógrafo oficial da prefeitura, conhecido como Guilherme JG, também “furaram a fila” e foram vacinados. O segundo, inclusive, compartilhou o momento nas redes sociais. “Aqui, olha, Jupi recebendo as primeiras doses”, diz ele, com a máquina fotográfica pendurada no pescoço. A publicação foi apagada.
A uma rádio pernambucana, JG falou que se arrependia e que não teria coragem de tomar de novo, porque é uma “falta de empatia”.
O Ministério Público de Pernambuco (MP-PE) instaurou procedimento administrativo para investigar o caso e a promotora de Justiça Adna Vasconcelos informou que encaminhou ofício para a Prefeitura de Jupi pedindo esclarecimentos sobre o ocorrido. “Ele [o fotógrafo] vai ser notificado também para prestar esclarecimentos. Vamos ouvir também quem autorizou a vacinação e quem aplicou a vacina”, afirmou.
EM TEMPO
Na noite desta terça-feira, a Prefeitura Municipal de Jupi publicou uma nota de esclarecimento, nas redes sociais, informando que, “[…] ao tomar conhecimento do vídeo, o Prefeito do Município de Jupi determinou o imediato afastamento do agente público”, e que a gestão “repudia totalmente qualquer ilegalidade na não observação do plano estadual e municipal de imunização, principalmente em relação à vacinação de pessoas fora do quadro prioritário”.
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