O comércio brasileiro manteve em julho o vigor registrado nos dois meses anteriores, fechando o mês com alta de 5,2% nas vendas, informou nesta quinta (10) o nstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o maior crescimento para o mês desde o início da pesquisa, em 2000.
Com a alta, o indicador recupera não só as perdas da pandemia, mas se aproxima do recorde histórico atingido em outubro de 2014, antes da recessão de 2016. “É um ano bem atípico”, comentou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
A recuperação das vendas ocorre à medida em que são eliminadas as restrições à abertura de lojas no país. Em julho, houve alta em em praticamente todas as atividades pesquisadas. A exceção foram supermercados, que vinham com bom desempenho mesmo no pico da crise.
“Até junho, houve uma espécie de compensação do que ocorreu na pandemia. Em julho, já temos um excedente de crescimento”, disse Santos. Em julho, as vendas do comércio foram 5,3% acima do registrado em fevereiro, último mês sem isolamento.
Com o crescimento, estão apenas 0,1% abaixo do recorde histórico, registrado em outubro de 2014. “A gente abre o segundo semestre de 2020 num contexto de aquecimento no comércio”, disse Santos, lembrando, porém, que é um crescimento desigual, com setores ainda muito abaixo do patamar pré-pandemia.
O segmento de supermercados, que representa 52,8% do indicador e foi mais beneficiado pelas medidas de isolamento social, ficou estável no mês. O setor está na mira do governo devido à escalada dos preços dos alimentos, que levou o governo a pedir “patriotismo” e reduzir tarifas de importação.
Nas outras sete atividades pesquisadas, houve taxas positivas. Tecidos, vestuário e calçados (25,2%) e equipamentos para escritório, informática e comunicação (11,4%), que sofreram bastante no pico da pandemia, permanecem em recuperação. Já móveis e eletrodomésticos tiveram alta de 4,5%.
O chamado comércio varejista ampliado, que incui as vendas de automóveis e materiais ce contrução teve alta de 7,2% em julho.
Com relação ao mesmo mês do ano anterior, as vendas do comércio cresceram 5,5%. Houve avanço em 21 das 27 unidades da federação.
Pelo terceiro mês consecutivo, a pesquisa mostra menor impacto do isolamento social no comércio. Do total de empresas pesquisadas, 8,1% relataram impacto em suas receitas em julho, 4,1 pontos percentuais abaixo do número de junho.
Com a volta do consumidor, alguns segmentos vêm sentindo dificuldades para repor estoques, conforme mostrou outra pesquisa do IBGE divulgada na semana passada. Comerciantes de setores diversos relatam atrasos de entrega pela indústria, falta de produtos e aumento de preços.
Especialistas temem que o ritmo de retomada seja afetado com a redução do valor do auxílio emergencial pago pelo governo, que será de R$ 300 até o fim do ano. Por outro lado, a taxa de poupança da economia brasileira está no maior patamar em cinco anos, o que pode ajudar a movimentar a economia.
Estudo feito pela área econômica do banco Itaú indica que o ritmo de recuperação é mais forte em regiões com menos mortes, onde o consumidor se sente mais seguro para ir às compras. No segundo trimestre, período mais crítico da pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) do país despencou 9,7%. (Bahia Notícia)